Maria, modelo de contemplação.
A contemplação de Cristo
tem em Maria o seu modelo insuperável. O rosto do filho pertence-lhe sob um
titulo especial. Foi no seu ventre que se plasmou, recebendo dela também uma
semelhança humana que evoca uma intimidade espiritual certamente ainda maior. À
contemplação do rosto de Cristo, ninguém se dedicou com a mesma assiduidade de
Maria. Os olhos do seu coração concentram-se de algum modo sobre ele já na
anunciação, quando o concebe por obra do Espirito Santo; nos meses seguintes,
começa a sentir sua presença e a pressagiar os contornos. Quando finalmente o
dá à luz em Belém, também os seus olhos de carne podem fixar-se com ternura no
rosto do filho, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura (cf. Lc 2,7).
Desde então seu olhar,
cheio sempre de reverente estupor, não se separará mais dele. Algumas vezes
será um olhar interrogativo, como no episódio da perda no templo: “Filho,
porque nos fizeste isto?” (Lc 2,48); em todo caso será um olhar penetrante,
capaz de ler no intimo de Jesus, a ponto de perceber os seus sentimentos
escondidos e adivinhar suas decisões, como em Caná (cf. Jo 2,5); outras vezes,
será um olhar doloroso, sobretudo aos pés da cruz, onde haverá ainda de certa
forma, o olhar da parturiente, pois Maria não se limitará a compartilhar a
paixão e a morte do Unigênito, mas acolherá o novo filho a ela entregue na
pessoa do filho predileto (cf. Jo 19,26-27); na manhã da Páscoa, será um olhar
radioso pela alegria da ressurreição e, enfim um olhar ardoroso pela efusão do
Espirito no dia de Pentecostes (cf. At 1,14).
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